Dizem que lá pelas bandas de Ribeirão, havia uma mulher chamada
Diolinda que tinha dois rostos. Um virado para frente e outro para trás
da cabeça. Por causa do defeito morava num lugar ermo,
tão distante quanto a eternidade.
O que parecia defeito para uns, para Zé Raimundo e
para Zé Antônio era qualidade. Eles eram os dois maridos de Diolinda.
Cada um apaixonado por um lado dela.
Uma certa noite depois de muito amarem e de muita
cachaça mamarem, entabularam uma discussão.
- Zé Raimundo, eu sou um homem de sorte,
tenho a mulher mais perfeita do mundo.
- Aí que tu se engana Zé Antônio, a minha que é a melhor de todas.
- A minha enquanto eu beijo a boca, abraço ela segurando os peitos.
- Tu só pensa em indecência, a minha enquanto abraço
e beijo me envolve num gostoso abraço.
- É, mais a minha não precisa virar as costas para roçar a
bundinha em mim, já veio completa.
- A minha enquanto me encosto em seu ventre,
descanso as mãos em sua bunda.
- A preferência dos brasileiros é a bunda, enquanto admiro seus
olhos verdes aproveito e admiro seu traseiro.
- Mas eu admiro os olhos azuis de uma mulher completa,
de peitinhos apontados para mim, enquanto tu admira
uma cabeça com as orelhas invertidas.
- Assim você me ofende, pois saiba que enquanto ela dança para
você rebola para mim.
- Vamos acabar com essa discussão seu cachaceiro,
cada um que fique com a sua.
Dizendo isso pegou o machado e cortou Diolinda ao meio.
Cada um ficou com um rosto. Infelizmente morto.
- Zé! A Diolinda morreu!
- Ah! Meu amigo! Morreu mesmo.
Agora só nos resta chorar de saudade.
Às vezes é preciso aprender a dividir
e se contentar com a parte que a vida nos dá,
do que querer tudo e ficar sem nada.
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