09/01/2012

Diolinda



Dizem que lá pelas bandas de Ribeirão, havia uma mulher chamada 


Diolinda que tinha dois rostos. Um virado para frente e outro para trás 


da cabeça. Por causa do defeito morava num lugar ermo, 


tão distante quanto a eternidade.




O que parecia defeito para uns, para Zé Raimundo e 


para Zé Antônio era qualidade. Eles eram os dois maridos de Diolinda. 



Cada um apaixonado por um lado dela.
Uma certa noite depois de muito amarem e de muita 
cachaça mamarem, entabularam uma discussão.
- Zé Raimundo, eu sou um homem de sorte, 
tenho a mulher mais perfeita do mundo.
- Aí que tu se engana Zé Antônio, a minha que é a melhor de todas.
- A minha enquanto eu beijo a boca, abraço ela segurando os peitos.
- Tu só pensa em indecência, a minha enquanto abraço 
e beijo me envolve num gostoso abraço.
- É, mais a minha não precisa virar as costas para roçar a 
bundinha em mim, já veio completa.
- A minha enquanto me encosto em seu ventre, 
descanso as mãos em sua bunda.
- A preferência dos brasileiros é a bunda, enquanto admiro seus 
olhos verdes aproveito e admiro seu traseiro.
- Mas eu admiro os olhos azuis de uma mulher completa, 
de peitinhos apontados para mim, enquanto tu admira 
uma cabeça com as orelhas invertidas.
- Assim você me ofende, pois saiba que enquanto ela dança para 
você rebola para mim.
- Vamos acabar com essa discussão seu cachaceiro, 
cada um que fique com a sua.
Dizendo isso pegou o machado e cortou Diolinda ao meio. 
Cada um ficou com um rosto. Infelizmente morto.
- Zé! A Diolinda morreu!


- Ah! Meu amigo! Morreu mesmo. 

Agora só nos resta chorar de saudade.



Às vezes é preciso aprender a dividir 

e se contentar com a parte que a vida nos dá, 

do que querer tudo e ficar sem nada.


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